Quebrando Mitos Parte I Meritocracia
Um dia desses fui a uma farmácia com o intuito de adquirir um medicamento. Enquanto aguardava atendimento, vi, no balcão, um folder sobre Homeopatia. Aquilo me chamou a atenção, então levei um exemplar comigo para ler com calma em casa.
O assunto abordado no folder era a aceitação da Homeopatia como prática legítima em diversos países do mundo, uma verdadeira propaganda. O texto enfatizava o fato de a Homeopatia ser injustamente desprezada por parte da população e da comunidade científica, e que tal forma de medicina alternativa já era aceita em países como EUA, Reino Unido, França, dentre outros. Entre uma página e outra, se podia ver propagandas de diversos medicamentos fitoterápicos contra os mais variados males de que se pode sofrer. Homeopatia é como Software Livre: tenta vender a idéia de não trazer os efeitos colaterais do tratamento oficial, mas se esforça ao máximo para ter a aparência do que é consensualmente aceito, visando não cair no ostracismo.
Qual a razão de alguém escrever um texto de aproximadamente dez páginas tentando provar a aceitação da homeopatia? A resposta é simples: se há esforços para provar essa aceitação, é porque ela simplesmente não existe. Ou por acaso você, em algum momento da sua vida, leu algum texto que visa defender a legitimidade da medicina tradicional?
O mesmo raciocínio se aplica à meritocracia. Se você olhar com atenção os anúncios de vagas de empregos em grandes corporações, verá como elas tentam convencer o candidato de que esta é a chance da sua vida, pois a empresa oferece um ambiente que proporciona a “inovação”, “criatividade”, e é baseado na… meritocracia.
Por que as empresas tentam vender a idéia de que as pessoas são reconhecidas pelos seus próprios méritos, se isso deveria ser uma obviedade? Simplesmente porque o reconhecimento, em empresas Go Horse, NUNCA é baseado no mérito! Aliás, reconhecimento é uma grande bobagem. O funcionário deve fazer o seu trabalho e ser pago por isso, nada mais. O chefe não é o pai do funcionário para ficar dando presentes e mimos.
O mito da meritocracia é o primeiro que vamos quebrar em uma série que inicia neste post. O Go Horse despreza a meritocracia, apesar de reconhecê-la como uma eficiente argumentação para atrair ou reter bons funcionários.
Certamente você já leu neste blog que funcionários com perfil gerencial (leia-se falta de capacidade técnica) devem ser alocados em posições de coordenação. A um gerente Go Horse não é conveniente dispensar tais colaboradores, pois assim há perda de headcount, reduzindo o seu império. Posições de coordenação são dadas àqueles que não desempenham bem as funções técnicas, garantindo o bom andamento do trabalho através da sua execução pelos especialistas.
Onde há coordenação, há hierarquia. E é essa hierarquia que deve ser levada em conta na hora do aumento. Ao gerente Go Horse não deve importar quem agrega mais valor, mas quem está mais acima na hierarquia criada por ele próprio. Simples assim.
O gerente Go Horse deve manter cada horse em seu lugar. O horse técnico deve carregar piano e quebrar pedra. O horse político é uma ótima companhia para ir ao puteiro.